Confira curiosidades sobre a Proclamação da República
Golpe que culminou com a instauração do regime republicano foi comandado por militar monarquista que era amigo do imperador
Publicado: 14/11/2023, 15:31

Há 134 anos, em 15 de novembro de 1889, o Brasil deixava de ser uma Monarquia. Entretanto, a Proclamação da República não se resume a um evento ocorrido nesta data. Ao contrário, trata-se de um conjunto de situações que fizeram com que a monarquia brasileira perdesse apoio político.
O golpe de estado que culminou com a destituição do regime imperial foi liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. O movimento republicano se fortaleceu com militares e civis descontentes com a democracia, somados a questões religiosas e à causa abolicionista.
Um dos fatos que culminou com a instauração do regime democrático foi a fundação do Partido Republicano, em 1870, explica o professor de História do Colégio Marista Londrina, Sergio Cavalheiro. “A alegação era de que o país deveria ser governado por brasileiros e a própria monarquia se tratava de um modelo político europeu, sem nenhuma relação com a realidade do continente americano”, ressalta.
Confira outros fatos e curiosidades sobre a Proclamação da República no Brasil:
1. A questão militar, derivada da Guerra do Paraguai
Embora o Brasil tenha vencido a guerra, os custos elevados levaram o país a uma grave crise econômica, impactando no pagamento de baixos soldos aos militares. Sentindo-se desprestigiados pela monarquia, aram a ser censurados por suas críticas ao governo, o que resultou no golpe com apoio de civis.
2. Desentendimentos religiosos
Um desentendimento entre o Imperador D. Pedro II e a Igreja Católica teve um papel importante. “Em 1872 o Papa Pio IX ordenou que os maçons fossem expulsos da Igreja, o que não foi aprovado por D. Pedro II, que contava com o Beneplácito Régio, um mecanismo que estabelecia que Bulas papais apenas seriam aplicadas com a sua concordância. Dois bispos brasileiros decidiram obedecer o Papa e foram presos, gerando grande desgaste”, explica o professor. Era significativa a quantidade de maçons na monarquia brasileira.
3. A questão abolicionista
A da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, libertando os escravos no Brasil, sem indenização para os proprietários de negros escravizados, colocou essa elite rural em uma posição contrária à monarquia. O Barão de Cotegipe, então Senador do Império e único parlamentar a votar contra a Lei Áurea em 1888 teria alertado a Princesa Isabel: “A senhora acaba de redimir uma raça e perder a Coroa”. Vale destacar que o Brasil foi o último país do continente americano e um dos últimos do mundo a abolir a escravidão.
4. Falta de um sucessor
Outro elemento importante que enfraqueceu a Monarquia era a falta de um sucessor para o Imperador D. Pedro II que, próximo de completar 64 anos, não tinha um herdeiro homem. “Sua filha, a Princesa Isabel, era casada com o Conde D’Eu, um francês que não contava com a simpatia sequer do seu sogro imperador. Embora a constituição de 1824 permitisse que uma mulher sucedesse o monarca, temia-se que, na prática, o Conde estrangeiro governasse de fato”, aponta o professor.
5. Baile da Ilha Fiscal
O estopim para que a Proclamação da República acontecesse foi o suntuoso Baile da Ilha Fiscal, oferecido para a delegação do Chile que visitava o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Com o gasto elevado da festa num momento de grave crise econômica, militares e jornalistas não pouparam críticas, gerando um ambiente conveniente para o golpe de 15 de novembro.
6. Informações desencontradas
A Proclamação da República é atribuída ao Marechal Deodoro da Fonseca, contudo, até poucas semanas antes do evento, ele era um monarquista amigo pessoal do Imperador D. Pedro II. Em 15 de novembro, o Marechal derrubou o Visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros. À princípio, ele não derrubou a monarquia.
Mais tarde, Deodoro recebe a visita do Tenente-Coronel Benjamin Constante, do Major Solon Ribeiro e do jornalista Quintino Bocaiúva. O Major revela que o Imperador D. Pedro II nomeou como presidente do Conselho de Ministros o gaúcho Gaspar Silveira Martins, político do Rio Grande do Sul e desafeto político e pessoal de Deodoro. Sentindo-se traído e sem saber que era uma mentira, o Marechal declara: “Digam ao povo que a República está feita”. Dois dias depois, D. Pedro II e a família embarcaram para o exílio na Europa.
7. Ato provisório
A Proclamação da República foi um ato provisório, uma vez que o povo é quem deveria decidir se o Brasil seria uma República ou voltaria a ser uma Monarquia. Essa decisão seria tomada através de um plebiscito ocorrido apenas em 1993, ados 104 anos do evento. O feriado de 15 de novembro foi criado através do Decreto nº 155-B, em 14 de janeiro de 1890, com uma data cívica para reforçar a mentalidade republicana junto ao povo brasileiro. Em 19 de dezembro de 2002, o Presidente Fernando Henrique Cardoso aprova a Lei 10.607 que cita todos os feriados nacionais, entre eles o da Proclamação da República.
Com informações: assessoria da imprensa.