Voe pede recuperação judicial para reestruturar finanças
Companhia está impedida de voar pela Anac desde março
Publicado: 23/04/2025, 16:36

A Voe Linhas Aéreas anunciou nesta quarta-feira (23) ter entrado na Justiça com um plano de reestruturação para reorganizar seus compromissos financeiros e fortalecer sua estrutura de capital. Segundo a empresa, o pedido de recuperação judicial foi protocolado na terça-feira (22) junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que confirmou a informação.
"Com todo o cenário enfrentado pela companhia nos últimos meses, esta foi a única saída para realizar uma reestruturação completa e garantir que a Voe volte a oferecer um serviço essencial para o desenvolvimento do Brasil”, disse José Luiz Felício Filho, CEO da Voe Linhas Aéreas, em nota.
Este é o segundo pedido de recuperação judicial da empresa, que já havia entrado com um processo entre 2012 e 2017. Neste período, a companhia disse ter conseguido reestruturar suas operações e finanças, chegando a transportar mais de 2,7 milhões de ageiros nos últimos três anos.
“Caso o [novo] pedido de recuperação judicial seja deferido pela Justiça, todos os ivos da Voe serão congelados e negociados com base em um plano detalhado que será elaborado para atender a todos os credores”, escreveu a Voe.
Por meio de nota, a companhia explicou que a medida é uma “continuidade do processo de reestruturação financeira” iniciado em fevereiro deste ano e tem “o propósito de garantir sustentabilidade financeira” para que ela consiga seguir com o seu compromisso de conectar o interior do país aos grandes polos.
Neste pedido, não estão englobados os processos indenizatórios ligados ao acidente ocorrido em agosto de 2024 em Vinhedo, no interior de São Paulo. Ao todo, 62 pessoas faleceram no desastre aéreo. A companhia aérea ressaltou que esses processos estão sendo “realizados diretamente pela seguradora”.
A empresa acrescenta que sua iniciativa ocorre em um contexto desafiador para o setor aéreo regional, que a por uma diminuição da oferta de o ao transporte aéreo no interior do Brasil.
ATIVIDADES SUSPENSAS - Desde o início de março deste ano, a Voe está com suas atividades suspensas por decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com isso, ela não pode voar. “A suspensão vigorará até se comprovar a correção de não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão da empresa previstos em regulamentos”, decidiu a Anac.
Em resposta, a companhia informou que pretende retomar suas atividades o mais breve possível. “Desde a notificação recebida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em março, a Voe vem atuando de maneira colaborativa e transparente com o órgão regulador, apresentando todas as comprovações técnicas e operacionais exigidas, com foco na segurança e na retomada das atividades o mais breve possível”, escreveu.
LATAM - No pedido de recuperação, a Voe também cita a Latam como uma das responsáveis por sua crise financeira. As duas empresas tinham um acordo de codeshare, o compartilhamento de voos ou de venda de bilhetes de uma companhia aérea em voos operados por outra.
“Em que pese o resultado positivo de algumas negociações, as requerentes foram surpreendidas com a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que suspendeu por tempo indeterminado todos os seus voos, o que acabou por agravar sua situação financeira, já afetada substancialmente pelos inadimplementos da Latam e por sua ingerência nas atividades das requerentes, tendo em vista que, sem geração de caixa, o Grupo Voe conseguiu somente manter os pagamentos de algumas de suas obrigações essenciais, aumentando, em consequência, o seu ivo”, alega a companhia em seu pedido.
Procurada pela Agência Brasil, a Latam informou que o encerramento da parceria com a Voe foi motivado pelo acidente ocorrido no ano ado e também pela proibição da companhia em operar voos.
“A Latam Airlines Brasil reforça que o término da parceria comercial com a Voe foi motivado principalmente pelo acidente ocorrido no voo 2283, operado pela Voe em 9 de agosto de 2024. A Latam ressalta também que a Voe não possui Certificado de Operador Aéreo (COA), conforme suspensão determinada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Essa suspensão a impede de operar voos de transporte de ageiros, reforçando as justificativas da rescisão contratual”, escreveu a Latam.
Com informações de: Agência Brasil.